Casos emblemáticos e cultura de silêncio
A jogadora alemã Giulia Gwinn lançou recentemente sua autobiografia “Write Your Own Story”, onde narra momentos decisivos de sua trajetória no futebol. A obra também expõe as dificuldades enfrentadas por mulheres no esporte, principalmente o assédio virtual. “Estou sempre a receber fotografias de homens nus”, revelou a meio-campista do Bayern de Munique. A atleta se mostrou determinada a seguir forte, apesar das violações constantes à sua privacidade.
- Real Brasília x Grêmio: preços dos ingressos no Brasileirão Feminino
- Brasileirão Feminino: onde assistir aos jogos da 14ª rodada
Segundo Gwinn, o assédio nas redes sociais é contínuo e desgastante. “As fotos e as mensagens são sempre de contas anônimas. Apago-as e denuncio as contas. Isto é assédio!”, disse. A jogadora afirmou que não permite que esses ataques a afetem emocionalmente, mas destaca que esse comportamento é uma das desvantagens mais marcantes de ser mulher no futebol. Ela espera inspirar outras atletas a resistirem com coragem.
Além do assédio, Giulia contou já ter recebido diversas propostas para posar para revistas adultas. “Publicar uma fotografia de biquíni está ‘ok’, mas tudo o resto ultraa os meus limites pessoais”, declarou. Ao manter firme seus limites, a atleta reforça a importância da autonomia feminina sobre seus corpos e suas imagens. A exposição constante imposta às mulheres no esporte muitas vezes ignora esse direito básico.

Jogadora Giulia Gwinn. Foto: Reprodução/Instagram/@giuliagwinn
Apoio e reconhecimento no lançamento
O lançamento de sua biografia contou com cerca de 350 convidados, incluindo o presidente do Bayern de Munique, Herbert Hainer. “Giulia não só deu uma melhor compreensão do futebol feminino, mas também chamou a atenção para a forma como as mulheres podem afirmar-se no mundo de hoje”, disse.
O apoio institucional à atleta evidencia a importância de transformar essas falas em políticas de proteção às esportistas. O caso de Gwinn se soma a episódios como o de Jenni Hermoso, alvo de assédio pelo então presidente da Federação Espanhola, Luis Rubiales, em 2023.
Também em Portugal, jogadoras do Rio Ave denunciaram o ex-técnico Miguel Afonso por mensagens íntimas e assédio contínuo. Esses episódios refletem a cultura de silêncio, abuso de poder e impunidade que ainda predominam em várias modalidades esportivas ao redor do mundo.

Veja também
CBF proíbe camisas de clubes no amistoso da Seleção em SP
Futebol feminino precisa de respeito
Enquanto o futebol feminino cresce em visibilidade e competitividade, as estruturas de proteção às atletas ainda são frágeis. A coragem de Giulia Gwinn em denunciar o assédio que sofre é um o importante para romper o ciclo de abusos. É urgente que as entidades esportivas atuem com firmeza. As mulheres merecem jogar, competir e existir em paz nos mesmos espaços ocupados pelos homens.