A nova identidade como técnica
Símbolo da seleção feminina nos anos 90, Sissi foi mais que uma camisa 10: foi referência técnica e emocional para o time brasileiro. Hoje, longe dos gramados, ela ainda respira futebol. Desde 2004, a ex-jogadora iniciou sua trajetória como treinadora nos Estados Unidos. “Tive a oportunidade de fazer parte de um junior college como auxiliar. Ainda pensava como jogadora, mas resolvi tentar”, relembrou. Em 2009, decidiu se aposentar oficialmente e focar na nova carreira.
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O processo de transição foi natural, mas exigiu muito estudo e adaptação. Sissi buscou licenças e aprimoramento técnico para atuar com profissionalismo. “Chegou um período que eu já sabia que ia precisar parar, precisava construir minha nova identidade”, contou. Atualmente, ela é treinadora e diretora de base no Walnut Creek Surf, na Califórnia. “Hoje, tenho que colaborar com os treinadores, assistir treinos… é bem diferente, mas prazeroso”, afirmou, mostrando satisfação com a rotina intensa.
Apesar de sua relevância histórica, Sissi ainda sente a falta de valorização no Brasil. “Nunca tivemos o reconhecimento merecido e nem o respeito. Quando resolvi ficar nos Estados Unidos, foi muito por conta disso”, declarou. Em contrapartida, os Estados Unidos celebram constantemente suas pioneiras. “Nós vemos o grupo de 1999 dos Estados Unidos ser valorizado, ficamos com um pouco de ciúme. Não temos isso”, lamentou a ex-jogadora, ao comentar sobre a ausência de homenagens no Brasil.

Sissi e Márcia Taffarel visitam a Seleção. Foto: Rafael Ribeiro/CBF
Momento marcante no reencontro com a Seleção
Sissi voltou a se emocionar com a camisa da Seleção ao participar de um amistoso nos Estados Unidos. “Foi um momento especial, era um capítulo que ainda não tinha se encerrado”, disse. A recepção calorosa da comissão técnica e das jogadoras atuais serviu como uma espécie de cura simbólica.
“Foi uma forma que não esperava. Deu para perceber que as meninas gostam do futebol brasileiro também”, relatou. Para ela, esse reencontro foi essencial para fechar um ciclo com dignidade. Mesmo consolidada como treinadora nos EUA, Sissi ainda tem uma meta clara: trabalhar na comissão técnica da Seleção Brasileira.
“Meu sonho é um dia poder fazer parte da comissão da Seleção, sempre falei isso”, revelou. Enquanto isso, segue desenvolvendo jovens talentos e alimentando a paixão que nunca abandonou. “Tudo que fizemos foi por amor ao país, ao esporte. Aceitávamos o que era dado, porque era aquilo que tínhamos”, concluiu, reafirmando seu compromisso com o futebol feminino.

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Legado dentro e fora de campo
Sissi marcou época pela genialidade e liderança. Foi artilheira da Copa do Mundo de 1999 e influenciou atletas como Marta e Cristiane. Atuou por Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Vasco, e no exterior brilhou ao lado da própria Marta. “Tive a chance de fazer parte do FC Gold Pride, quando a Marta veio jogar também aqui. Fiz aquele papel de assistente e virei jogadora ao mesmo tempo”, contou. Hoje, mais do que técnica, é uma referência de resistência e inspiração para gerações.